UM ESTADO LAICO?
As várias
questões envolvendo discussões no que diz respeito ao distanciamento do Estado
à religião fez emergir uma indagação oportuna: pode um Estado laico se envolver
em questões religiosas? Questões como a frase nas cédulas do dinheiro nacional
e o crucifixo nas repartições públicas podem nos fazer pensar que o Estado não
é laico. Mas, se pensarmos que o Estado é formado por representação, temos um
quadro de difícil conceituação. Já que todas as religiões são representação de
uma expressão nacional e compreende uma cultura nacional.
As várias
segmentações de representação social nos mostra que o Brasil é um país
diversificado, não somente na questão racial, se é que exista, mas nas várias
questões do processo formador de uma sociedade, sendo assim a religião é um
componente deste quadro geral. Desta forma não podemos pensar em um país sem a
presença da religiosidade fazendo parte do espaço social e da arquitetura das
cidades brasileiras. As várias facetas da sociedade monta este mosaico que não
é justaposto em si, mas é uma relação de animosidade entre os vários tipos de
representação cultural. Assim podemos definir cultura como a expressão de um
povo que deixa para seus descendentes um saber que não pode ser compartilhado
apenas nos livros, mas de forma concreta e com o mais próximo possível um dos
outros. Desta forma a igreja, o terreiro, o centro espírita, a escola de samba,
o boteco, o teatro, as televisões, etc. podem ser colocados no mesmo bojo de
conhecimento e expressões de cultura de um povo. A forma como um determinado
grupo se expressa não pode ser discriminado em relação ao outro. Como pode o
ministério da cultura tachar as escolas de samba como cultura brasileira e as
igrejas não o ser? A liberação de somas enormes de dinheiro para as escolas de
samba dá inveja a qualquer chek do oriente médio, mas quando esta mesma soma é
para entidade filantrópica religiosa, surgem os defensores da pátria para dizer
que o Estado é laico. O que se define por Estado laico é a não influência desta
nas decisões do Estado. O que a religião crê não pode ser medida de tomada de
decisão e assim o Estado se torna laico. Agora a ajuda a um grupo de religiosos
para promover suas festividades e a afirmação deste no espaço, não pode ser uma
ofensa ao Estado laico. Os que pensam assim erram no objetivo e na metodologia
aplicada no conhecimento de uma realidade.
Estado laico
pode ser entendido como um Estado livre de influência religiosa nas decisões de
abrangência geral. Como Hobbes entendia o Estado, ele é uma representação do
povo, muito mais forte que o povo para a defesa do povo. Assim a
representatividade é isonômica, e desta forma isonomia é entendida como a
capacidade de tratar diferente o diferente nas suas respectivas diferenças.
Como pode ser o Estado laico se trata todos com igualdade? Onde fica a isonomia
da nossa constituição? Assim não podemos cair na encruzilhada da ignorância de pensar que um Estado ateu é um Estado laico, podemos dizer que ateísmo é uma religião, a liberdade religiosa é a liberdade do indivíduo de ter uma religião ou não. Se prega tanto a tolerância e estes mesmo são intolerantes!
![](http://aventadores.files.wordpress.com/2012/10/junta.jpg?w=640)
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